Todos concordam que parece mais lógico para uma empresa tomar uma decisão baseado em informações do que no popular “achismo”. Francis Bacon disse no século XVI: “Informação é poder!”. Essa frase, embora dita em outros tempos, é tão atual agora como quando foi dita. Na época de Bacon, a imprensa e os livros dominavam o mundo do conhecimento, depois veio o rádio, a TV e mais recentemente a Internet. Nunca se produziu tantos dados como hoje em dia, e nunca foi tão fácil ter acesso a eles.
E mesmo assim, geralmente as empresas dizem que não têm dados suficientes para tomar uma decisão. A verdade é que, na maioria dos casos, elas têm o montante de informações necessárias para resolver um problema ou criar uma estratégia de ação. O que acontece é que frequentemente as informações estão espalhadas pelos setores da empresa, disponíveis, mas desorganizadas, ou então simplesmente são ignoradas pelas equipes que deveriam tratá-las, organizá-las e lhes dar sentido.
Mas como usar dados que não sabemos muitas vezes que existem, como reconhecer os dados, agrupá-los, ordená-los e extrair deles informações relevantes que possam orientar as decisões de uma empresa. Servindo tanto para ações presentes quanto futuras.
Data Driven significa em tradução livre “guiado pelos dados” e tem na sua tradução a essência do seu conceito, onde os dados ajudam os setores e a direção da empresa a nortear suas ações. Já a cultura Data Driven em uma empresa refere-se a prática de recorrer aos dados para orientar a tomada de decisões, ou seja, os processos são orientados por uma análise multidisciplinar das informações da empresa, em que vários setores fazem uso dos dados existentes, extraindo deles informações relevantes.
Sistemas integrados de gestão empresarial (ERP), de gestão de cadeia de suprimentos (SCM) e de relacionamento com o cliente (CRM) são comuns nas empresas hoje em dia, e capturam e processam uma enorme quantidade de dados em um curto espaço de tempo. Saber extrair desses dados informações relevantes pode ajudar a otimizar os processos internos, gerar valor ao produto ou serviço final e facilitar a criação de produtos e serviços voltadas a um público específico.
É dito que a assertividade em transformar dados em conhecimento é diretamente proporcional ao investimento em tecnologia. Mas, por mais automatizados que sejam os processos de coleta, eles ainda precisam da inteligência humana, para transformá-los em conhecimento, e o conhecimento em ação. Segundo a Wikipédia, “Big Data é a área do conhecimento que estuda como tratar, analisar e obter informações a partir de conjuntos de dados grandes demais para serem analisados por sistemas tradicionais”. Por isso é tão importante “alfabetizar” a equipe, treinando para que ela possa reconhecer os dados relevantes, analisá-los e construir uma base de conhecimento a partir deles.
Além de auxiliarem em decisões estratégicas, informações relevantes consolidam as ações, e os resultados dessas ações são transformados em novos dados, gerando um ciclo virtuoso que permite à empresa antecipar problemas e criar planejamentos com maiores probabilidades de sucesso.
Uma outra vantagem da cultura data driven em uma empresa é a capacidade de gerenciar e melhorar os seus indicadores de desempenho, tanto processuais como estratégicos, com mais facilidade. Indicadores de eficiência, eficácia, capacidade, produtividade, qualidade, lucratividade, rentabilidade, competitividade, efetividade e de valor são de vital importância para uma empresa.
Empresas que seguem a cultura data driven, possuem o que se chama de inteligência de negócios (BI), e conseguem extrair informações relevantes dos dados que geram, são mais ágeis, adaptáveis, criativas e assertivas. Além de mapearem e anteciparem tendências.
Em empresas como a Netflix, os próprios dados dos usuários geram suas recomendações. Na Amazon, além dos seus dados gerarem recomendações de produtos, a cada minuto os dados dos usuários e dados externos
geram a alterações em preços e escolha de produtos, tudo de forma dinâmica e em tempo real. O Walmart combina big data e modelos preditivos para antecipar a demanda ao longo do dia. Já o Macdonald’s usa esta tecnologia para projetar a demanda dos clientes e reduzir o desperdício.
O cientista da computação Alex Pentland refere-se aos sistemas de coleta e processamento de dados como “mineração da realidade”. Mas como já vimos, destrinchar esse mar de dados não é tarefa fácil, mesmo para equipes treinadas. Por isso muitas empresas estão procurando e pagando muito bem profissionais como os Chief Data Officers (CDOs) ou Chief Analytics and Insights Officers (CAOs), profissionais especialistas em analisar, extrair e usar informações relevantes dos dados da empresa. Garantindo que os dados serão usados de forma adequada e nos lugares certos, pois toda a empresa pode se beneficiar com uma cultura orientada e dados.
O setor de marketing juntamente com o de vendas pode entender melhor as necessidades e preferências dos clientes. O RH pode aproveitar os dados de produtividade e incluir este indicativo nas avaliações de desempenho. As reuniões de planejamento ou estratégia poderão se beneficiar de informações referentes a dados históricos, comparar com dados ativos e ter mais embasamento para criar previsões de dados futuros.
A cultura de organizações orientada a dados (data driven), além de permitir que a empresa tenha melhor assertividade em suas decisões, pode torná-la mais responsiva em épocas de crise, fazendo com que a análise de tendências e movimentos do mercado permita que a empresa mude, se adapte e planeje novos rumos de forma rápida e eficaz.